A cabeça de Gumercindo Saraiva (incompleto)

Durante a Segunda Guerra Púnica ( 218 a.c. - 203 a.c.), o general cartaginês Aníbal Barca ( 247 a.c. - 187 a.c.), fez o jovem Império Romano tremer ao atravessar os atuais territórios da Espanha e França e chegar ao norte da Itália. Tal feito o imortalizou e o faz ser considerado hoje como um dos maiores estrategistas militares da história, ao lado de nomes como Napoleão, Arthur Wellesley e Alexandre Magno.

No sul do Brasil, em fins do século XIX, um desconhecido caudilho fez algo semelhante, cruzando a frente de um exército revolucionário os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e parte do Paraná, e fazendo tremer a jovem república brasileira. Seu nome era Gumercindo Saraiva, mas diferente de Aníbal, sua memória ainda da passos curtos e relutantes visando sair dos ostracismo.

O livro A cabeça de Gumercindo Saraiva, escrito a quatro mãos por Tabajara Ruas (autor do célebre romance da Guerra dos Farrapos intitulado Os Varões Assinalados) e Elmar Bones ( que trabalho na Veja, IstoÉ, Folha de São Paulo, Gazeta Mercantil, entre outros) é uma das poucas obras (senão a única) dedicada ao caudilho, sua biografia e a memória dos seus feitos, considerados heróicos por uns e apenas atos de banditismo por outros.

Na obra somos apresentados não apenas a família Saraiva, particularmente nas pessoas de Gumercindo e seu pai, Dom Chico, mas também ao conturbado sul do Brasil nos séculos XVIII e XIX, com os violentos entreveros de fronteira entre portugueses e espanhóis; a Guerra da Cisplatina que culminou com a independência do Uruguai; a Revolução Farroupilha; as Califórnias de Chico Pedro; entre outros importantes acontecimentos históricos que abalaram Brasil e Uruguai, e que, por fim, nos levam a criação da sociedades e dos homens que iniciaram a mais sangrenta revolução de nossa história.

Na Revolução Federalista, que uniu-se à Revolta da Armada, é narrada a longa marcha do caudilho que teve inicio no Passo de Aceguá, quando Gumercindo Saraiva cruzou a fronteira com 400 cavaleiros no inicio de 1893, e terminou em 10 de agosto de 1894, na Batalha do Carovi, quando foi mortalmente ferido. Entre esses dois acontecimentos, dezenas de outros, que ficaram marcados a ferro e fogo nas terras por onde a coluna passou.

Talvez o momento mais traumático e decisivo para os dois lados no conflito tenha sido o cerco da Lapa, onde bateram-se, do lado revolucionário Gumercindo Saraiva, e do lado legalista o Coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro.

Na Lapa (Paraná), durante vinte e quatro dias o Coronel Gomes Carneiro opôs severa resistência aos revoltosos, tendo sucumbido por fim, porém cobrando um alto preço. Preço este, tão alto, que fez os revoltosos desanimarem de forma que fez Gumercindo Saraiva decidir marchar de volta para os campos conhecidos do Rio Grande do Sul, onde encontrou seu fim no Carovi.
Gumercindo Saraiva ( terceiro sentado da esquerda para a direita) e seu Estado-Maior.

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