A vez de Gustav
Por Michel Argento Fazia frio naquele final de outono no sul da Inglaterra, e Gustav fechou o zíper do casaco e se encolheu dentro dele. Fora da casamata o vento era gelado e cortante, com um eterno odor de grama molhada, e o mar era cinzento e triste. Ele acendeu um cigarro e se encostou no concreto frio da construção. De todos os lugares para onde poderiam mandar um jovem tenente, graduado em engenharia de telecomunicações pela Universidade Militar de Munique, a Inglaterra era o segundo pior, só perdendo apenas para as estepes geladas da Rússia desmembrada. Ele, como muitos de sua geração, e da geração anterior, crescera aprendendo a detestar ingleses e franceses devido às humilhações que as antigas potencias haviam infligido ao povo alemão após a derrota na primeira guerra. Agora, diferente de outros tempos, não mais os odiava, apenas tratava-os como os inferiores que eram. E aquele molho inglês era nada menos que horrível. O Reich, diferente de seus inimigos, não os humilha...